Candomblé: Estigmas de uma religião.

Um Novo Terreiro

Por Françoise Batista

A busca pelo conhecimento sobre o Candomblé, nos fez chegar a um pequeno portão,com muros grafitados e uma escada íngreme no bairro santa efigenia em Belo Horizonte.O espaço que a primeira vista parecia ser pequeno para um terreiro de candomblé, aos poucos foi se revelando um lugar de muito religiosidade, afeto e solidariedade.Lá somos recebidos pela Cássia – Makota do terreiro que logo nos apresenta o espaço e rapidamente nos sentimos acolhidos pelas pessoas que lá se encontravam. Damos início as conversas e a curiosidade toma conta de nós, enchemos a Cássia de perguntas e a cada resposta descobrimos a grandiosidade e importância deste tema tão discriminado pela sociedade.
Vindos de Ouro Preto para Belo Horizonte há 42 anos atrás, Dona Efigênia que junto com sua família servia a guarda no batalhão da avenida do contorno funda o terreiro de Candomblé em um local que antes fora um terreiro de Umbanda. Como matriarca da família, Mãe Efigênia ocupa ali, a mais alta posição de hierarquia religiosa e referencia para 8 famílias que vivem no terreiro. Representantes da cultura africana, são pertencentes a nação de Angola e procuram manter vivas as tradições dos povos afro-descendentes através do Candomblé.
O terreiro possui muitas estórias e tradições que em 08 de dezembro de 2007, foi amplamente reconhecido pela Fundação Cultural Palmares que intitulou o Terreiro como sendo a Primeira Comunidade Remanescente de Quilombo organizada a partir de um Terreiro de Candomblé e Umbanda no Estado de Minas Gerais. Para Cássia, umas das filhas e coordenadora do Terreiro, esse reconhecimento é muito importante pois não só valoriza as comunidades remanescentes do Quilombo, mas também reafirma a importância de se manter um dialogo com a sociedades em relação ao racismo, discriminação e intolerância religiosa.
Denominado por Mãe Efigênia como “Uma Casa de Portas Abertas” O Terreiro possui hoje um projeto social e cultural de Capoeira que atualmente recebe 64 crianças e Jovens do entorno e de bairros vizinhos. Mantido por dois filhos do Terreiro o Projeto Kizomba não recebe nenhuma ajuda governamental ou de empresas privadas, sua realização se dá pelo empenho do Mestre e Prof. Ricardo (filho de santo) que ministra as aulas de forma voluntária e que procura resgatar através da Capoeira os valores deixados por seus antepassados. O Projeto conta ainda com a ajuda de outro filho do terreiro que vive na Suíça e subsidia o projeto com a doação de uniformes para as crianças.

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